Por que o nome Carlos tem o “s” no final, mas o feminino Carla não?
Precisamos voltar para o latim para entender essa longa e complexa história.
Longa história. Precisamos analisar o caminho que o nome fez até chegar no português para entender.
“Carlos” deriva de “Karl” das línguas germânicas, que significa “homem livre”, “homem forte” ou apenas “homem”. No latim, a palavra foi grafada como “Carolus”.
O nome ficou extremamente popular por causa de Carolus Magnus (Carlos Magno), o célebre rei medieval que criou um Império que cobria boa parte da Europa Ocidental.
Aí que vem o pulo do gato: no latim, o “s” no final das palavras não significa necessariamente um plural. Na verdade, para nomes masculinos, essa terminação muitas vezes indicava o singular.
Na língua dos romanos, o plural é complexo: é feito com diferentes terminações dependendo da declinação da palavra, ou seja, qual função ela cumpre na frase (se é sujeito ou objeto, por exemplo). No caso de substantivos masculinos na declinação nominativa, ou seja, quando são sujeitos da frase, a terminação “-us” indica singular: amicus é “amigo”, por exemplo. O plural é feito com a partícula “-i”: amici é “amigos”. “Carolus”, então, era singular mesmo.
“Carolus”, no português, virou só Carlos. Por causa do “s” no final, até parece um plural para nós, mas não é essa sua origem.
No italiano, porém, não é comum que palavras terminem em “s”, nem mesmo no plural – por exemplo, ragazzo é menino; “meninos” vira ragazzi, não “ragazzos”. “Carolus”, então, soava estranho para os italianos, e o nome acabou virando só Carlo.
Foi daí que veio o feminino Carla – que surgiu primeiro no italiano e depois foi importado para o português, já sem o “s”.
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